A Alta do Dólar e o Setor Fotovoltaico

 

A Greener analisou como a alta do dólar pressiona os preços dos sistemas fotovoltaicos no Brasil. Impacto pode ser sentido para vários portes de sistemas.

 

 

Os principais equipamentos de um sistema fotovoltaico (módulo e inversores) utilizados no Brasil são importados, vindo principalmente da China, e seus preços definidos em dólar nas cotações. Dessa forma, o setor é diretamente impactado pelas oscilações na taxa de câmbio entre o real e a moeda americana. A Figura 1 apresenta a evolução do câmbio (não deflacionado) de 1º de janeiro a 1º de abril de 2020.

 

Figura 1 – Evolução do câmbio do dólar entre janeiro e início de abril de 2020. Valores representam o fechamento da cotação.

 

Observa-se que durante os 3 primeiros meses do ano o dólar ficou 31% mais caro e o principal motivo para isso foi a atual crise do coronavírus. Muitos agentes buscam compreender os impactos que a pressão cambial faz sobre o setor fotovoltaico brasileiro. Para auxiliar nesse sentido, a Greener comparou os valores de kits de 4 kW, 30 kW e 300 kW divulgados em nossa Pesquisa GD de janeiro de 2020, com valores simulados dos mesmos kits, porém com o dólar a valores atuais. Também comparamos a diferença no preço final do equipamento, a fim de entender o impacto sobre a atratividade que o câmbio provoca.

Em janeiro de 2020, a Greener coletou os preços dos kits e preços finais de diversas faixas de sistemas fotovoltaicos. Os valores obtidos na pesquisa à época encontram-se representados na Figura 2. A coluna de cor azul corresponde ao valor do kit, enquanto a coluna de cor amarela corresponde à parcela do integrador, que termina de compor o custo do equipamento ao consumidor final.

 

Figura 2 – Preço de kit e integração de sistemas fotovoltaicos em janeiro de 2020. À época o dólar custava R$ 4,02.

 

De posse dos custos de cada componente de um kit e assumindo que de janeiro até abril não houve alteração significativa no valor (em dólar) de módulos e inversores, estimou-se o novo custo de um kit com o câmbio de R$ 5,25. Os custos (em real) das estruturas e outros componentes presentes em um kit não foram ajustados, dado que existem produtos nacionais e a inflação acumulado no período ser baixa. Para os custos da integração, também foi assumido que não houve alteração em seu valor. A Figura 3 apresenta uma comparação dos custos do kit para os dois valores de câmbio.

 

Figura 3 – Comparação dos custos do kit para as diferentes taxas de câmbio.

 

Os novos preços finais dos sistemas fotovoltaicos ficam, então, estimados em R$ 5,62/Wp, R$ 4,29/Wp e R$ 3,87/W para 4 kW, 30 kW e 300 kW, respectivamente. A Tabela 1 apresenta a comparação dos preços finais e a variação resultando devido ao câmbio.

 

Tabela 1 – Comparação entre custos coletados em janeiro com estimados para abril.

O resultado mostra um acréscimo da ordem de 16% a 17% ocasionado pela pressão cambial. A elevação dos preços ao cliente final acabam por dificultar ainda mais o mercado fotovoltaico, que já passa por uma crise severa (saiba mais em Greener Talks ou neste artigo).

Destaca-se, porém, que os preços encontrados para o atual valor de câmbio são estimativas da Greener feita sob as premissas mencionadas no início do artigo. A resposta do preço final pode alterar conforme os diferentes players da cadeia optam por absorver ou repassar os aumentos. Os integradores ou distribuidores, por exemplo, poderiam optar por absorver os aumentos a fim de não repassar todo o valor ao consumidor final.

Para analisar os impactos da alta do dólar e mitigar os riscos em empreendimentos de grande porte (>1 MW), a Greener possui serviços de auditoria e Due Diligence orientados a cada projeto. Para saber mais, entre em contato com nossos consultores e agende uma conversa.

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