Além de números que retratam o setor, capacitação nas vendas e discussões regulatórias são destaques no evento de lançamento do Estudo GD
O mais novo Estudo Estratégico de Geração Distribuída da Greener teve o seu lançamento por meio de um encontro especial, o Imersão GD. A primeira edição do evento contou com a versão presencial em São Paulo e também com formato online e gratuito.
Durante quatro horas de conteúdo, os participantes discorreram sobre os principais tópicos do Estudo. Em seu novo formato, toda a cadeia de valor fotovoltaica foi contemplada. Além disso, o evento contou com a participação de especialistas do setor em rodas de conversa com temas de regulação e vendas.
Os custos dos equipamentos e o volume de importação no primeiro semestre
Durante o evento, a análise do elo de fabricação indicou, no primeiro semestre de 2023, uma redução nos preços dos insumos dos equipamentos fotovoltaicos. Destaque para o polissilício, principal componente dos módulos.
Os módulos, por sua vez, representam de 38% a 50% do custo total dos sistemas de geração de energia solar fotovoltaica. Assim, a queda no preço torna-se um fator determinante para a atratividade dos projetos.
Com relação aos números de importação trazidos no evento, apesar da redução de 19% comparado ao mesmo período de 2022, o volume de módulos fotovoltaicos demandados pelo mercado brasileiro no primeiro semestre de 2023 ultrapassou os 7 GW. Os investimentos foram superiores a R$25 bilhões somando Geração Distribuída e grandes usinas centralizadas.
Quanto aos custos de importação e nacionalização desses equipamentos nos portos brasileiros, houve estabilidade em relação a janeiro deste ano. No entanto, as discussões do evento mostraram que é fundamental estar atento às possíveis mudanças de critérios e revogações do ex-tarifário, que podem impactar a alíquota do imposto de importação.
Vendas, desafios e expectativas para os distribuidores de equipamentos
Os resultados do elo de distribuição da cadeia apresentados no evento foram provenientes de empresas distribuidoras que representaram aproximadamente 52% das vendas no primeiro semestre de 2023.
Nesse período, houve uma queda média de 24% no volume mensal de kits faturados e uma redução de 38% na quantidade de kits vendidos. A maioria dessas vendas foram viabilizadas por financiamento bancário.
Os sistemas residenciais e comerciais de pequeno porte mantiveram-se como os mais vendidos, mas observou-se um aumento na participação de kits de maior porte em comparação com o ano anterior. Em relação aos estoques, houve um aumento de 24 p.p. entre as empresas que relataram níveis elevados em comparação ao ano passado.
Mesmo com um primeiro semestre desafiador, os distribuidores mostraram expectativas otimistas para os últimos meses do ano: 38% esperam superar 100 MWp em vendas. Para 2024, 66% preveem um ano mais positivo e promissor para os negócios.
O mercado fotovoltaico na visão do integrador
Sabendo que uma parte muito importante do Estudo Estratégico de Geração Distribuída é a participação dos integradores por meio da Pesquisa GD, o evento de lançamento do Estudo discutiu também os resultados da Pesquisa.
Pela primeira vez, houve uma retração na quantidade de empresas ativas: 26.640 foi o número estimado. A população estimada de empresas de integração fotovoltaica levantada pela Greener contabiliza empreendimentos que fizeram ao menos um negócio durante o período da pesquisa.
A retração refletiu o momento desafiador vivido pelo mercado no primeiro semestre. O fato foi ilustrado também pela queda de 24% na média mensal de orçamentos realizados. Assim como destacado no evento, o número de orçamentos é uma forma de entender o interesse do consumidor final em adquirir um sistema fotovoltaico.
Com o atual cenário econômico e político brasileiro, aliado à nova percepção da atratividade devido às alterações regulatórias trazidas pelo Marco Legal da GD, esse interesse do consumidor final diminuiu durante os seis primeiros meses do ano.
Além disso, a redução da taxa de conversão, de 13% no primeiro semestre de 2022 para 7% em 2023, demonstrou o complexo cenário de vendas do integrador. Entre as adversidades discutidas no evento, a obtenção de crédito por meio das instituições bancárias foi a mais citada. Além disso, problemas de conexão, levantados no painel de regulação, também foram lembrados.
Porém, um fator muito destacado no Imersão GD foi a expectativa de um reaquecimento do mercado no segundo semestre. Do ponto de vista do payback, mesmo diante de uma menor compensação de créditos na GD II, investir em sistemas fotovoltaicos tornou-se mais atrativo devido à redução do CAPEX.
O Estudo Estratégico de Geração Distribuída possui cases completos que demonstram a atratividade da GD de acordo com cada unidade da federação e diferentes portes de sistemas.
A evolução da Geração Distribuída em números
Com relação à evolução da Geração Distribuída, durante o evento foi citado que pela primeira vez ocorreu uma redução no ritmo de crescimento entre semestres.
Desde os primeiros anos da modalidade no Brasil, cada semestre superava o anterior no quesito de potência adicionada. Porém, se 4.807 GW foram adicionados no segundo semestre de 2022, no semestre seguinte o número caiu para 4.526 GW (-5,8%).
Além disso, a mudança no perfil do consumidor foi trazida também pelo Imersão GD. Observou-se uma evolução da classe comercial, que em anos anteriores perdeu participação devido à pandemia, mas que voltou a ganhar mercado devido à retomada das atividades presenciais.
Por outro lado, enquanto a classe residencial reduziu sua participação, mais sistemas fotovoltaicos foram instalados em propriedades rurais. Quando comparados os primeiros semestres de 2022 e 2023, a classe residencial teve diminuição de 8 p.p, enquanto a rural evoluiu em 3 p.p.
O evento apresentou também o Mapa de Penetração da GD, trazido pela primeira vez no Estudo Estratégico de Geração Distribuída. Ele representa o número de unidades consumidoras com sistemas fotovoltaicos em relação ao total de unidades. Diante de 2% de penetração da GD até junho de 2023, foi discutida a possibilidade de uma maior participação da modalidade, desde que de forma sustentável no âmbito sistêmico, evitando problemáticas tais como a inversão de fluxo.
Inversão do fluxo de potência e possíveis soluções trazidas no painel de regulação
Integradores e consumidores têm enfrentado desafios relacionados às recusas de conexão à rede por parte das distribuidoras de energia elétrica, que alegam inversão de fluxo de potência. O tópico foi um dos discutidos no evento durante a roda de conversa regulatória.
As recusas não se limitam a novos orçamentos de conexão e, em algumas distribuidoras, orçamentos já emitidos estão sendo cancelados. No entanto, os especialistas em regulação da roda de conversa frisaram que é um direito do consumidor gerar sua própria energia e se conectar à rede de distribuição.
Se a conexão efetivamente resultar na inversão do fluxo de potência, a distribuidora deve oferecer alternativas viáveis por meio de um estudo no orçamento de conexão, conforme os requisitos do § 1º do art. 73 da Resolução Normativa ANEEL nº 1.000/2021. Porém, algumas distribuidoras não estavam cumprindo esses requisitos.
Nesse cenário, a ANEEL emitiu o Despacho 3.438/2023, reforçando que os orçamentos de conexão não podem ser cancelados ou modificados sem a anuência do consumidor. Se isso ocorrer, os orçamentos devem ser revalidados e o direito de GD I resguardado até a emissão de um orçamento correto. Além disso, se o acessante sofreu algum prejuízo devido a esse equívoco, a distribuidora deve ressarci-lo em dobro.
Os participantes do painel reforçaram que o referido despacho não soluciona todos os problemas das recusas de conexão para usinas de Micro e Minigeração Distribuída (MMGD) devido à inversão de fluxo de potência. Ele aborda apenas o caso de cancelamento de orçamentos já emitidos.
Em situações de negativas de conexão à rede baseadas em justificativas sólidas de inversão de fluxo de potência, um sistema fotovoltaico Grid Zero é uma possível saída. Esses sistemas são enquadrados como Centrais Geradoras de Capacidade Reduzida, não como sistemas MMGD e, portanto, não fazem parte do Sistema de Compensação de Energia Elétrica (SCEE), gerando energia apenas para consumo local, sem injeção na rede elétrica.
Os participantes da roda de conversa lembraram que uma etapa essencial para a operação dos sistemas Grid Zero em paralelo com a rede elétrica é a homologação. Isso implica em comunicar a distribuidora local e seguir suas diretrizes específicas. Além disso, ainda que não seja necessário obter uma outorga da ANEEL, deve-se efetuar um registro junto à Agência, conforme estabelecido pela Lei 9.074/95.
Foi trazido também o fato de que os integradores devem se atentar ao dimensionamento desses sistemas. Em cenários de baixa simultaneidade, é crucial projetar um sistema com menor potência para otimizar o uso de energia elétrica e reduzir perdas.
O que as empresas que se destacam em vendas nos ensinam?
O evento contou também com uma roda de conversa com a presença de especialistas em vendas no setor. Os participantes citaram que, além da capacitação, a experiência ao longo dos anos no mercado e o processo de melhoria contínua são fundamentais.
Foi reforçada também a necessidade de treinamento da equipe para enfrentar os desafios do mercado. Um processo estruturado que auxilie o cliente na busca de linhas de financiamento, por exemplo, foi tratado como essencial pelos especialistas.
A roda de conversa enfatizou alguns dos resultados da Pesquisa GD. Um ponto de atenção foi o fato de que 40% dos integradores afirmaram não utilizar ferramentas de gestão financeira. Se gerir o fluxo de caixa foi apontado pelos especialistas como uma das maiores dificuldades por parte do público integrador, utilizar alguma dessas ferramentas é fundamental.
Por fim, a prática de agregar valor ao produto foi um tópico discutido pelos especialistas e público presente. Foi consenso entre os participantes que para se destacar no mercado fotovoltaico deve haver a busca de soluções para o cliente final, não somente a venda de equipamentos.
Para tal, conhecer as necessidades do cliente, saber como se comunicar e como prospectar diante de diferentes perfis de consumo, além de acompanhar todo o processo, principalmente por meio do pós-venda, são diferenciais que auxiliam no sucesso e fortalecimento das empresas no setor.
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É válido lembrar que esse é apenas um resumo dos pontos de destaque do Imersão GD. Clique aqui para acessar a gravação do evento na íntegra e aqui para ter em mãos a última edição do Estudo GD de forma completa.
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Tendo em vista que um dos modelos de negócio com tendência de crescimento é o de GD Remota, a Greener está elaborando a mais nova edição do Estudo Estratégico de Geração Distribuída Remota, que será lançado ainda em 2023. Fique atento!